MasticadoresBrasil Editora: Miriam Costa

Por João Silvério Trevisan / Itaú Cultural
Na peça Um bonde chamado desejo, de Tennessee Williams, a personagem Blanche Dubois, deslocada no mundo, entrega-se aos enfermeiros que vão levá-la num furgão para internamento manicomial e comenta, com pungente melancolia: “Eu sempre dependi da bondade de estranhos”. Essa cena inesquecível me ocorre a propósito de Madalena Schwartz, que eu conheci através do seu filho Jorge, quando moravam no Edifício Copan, em pleno centro da capital paulista. Acho que ela ainda mantinha sua lavanderia/tinturaria numa ruazinha próxima. Era uma mulher de baixa estatura, olhos apertados e brilhantes, detrás de óculos de grau, e um jeito peculiar de sorrir. Sem nunca perder o sotaque argentino, parecia oscilar entre o desejo de confiar e o receio de se entregar a estranhos, como se guardasse segredos inacessíveis a qualquer um. Acho que conheci suas fotos inicialmente através do próprio Jorge, em meados dos anos…
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