Em que mares a paisagem assume fragmento?
Em que árvore veloz pássaros não pousam?
Aqui colhemos canções em seca árvore nascida à
margem dos sonhos
Laminamos o estranho, inocentamos a pedra
No antiverso das amuradas guardamos o risco grungeado das horas
Em gases aprisionados elevamos palavras mensageiras do esmo
Desiluminamos luzes sobre a cidade
Ânforas anunciam navios que não aportam e não partem
Fumaças desprendem imagens lançadas de guerras e amores
E a dança, as chamas, o círculo incinerando o vídeo
A mosca mecânica parasitando a sanha camponesa
O vermelho tingindo com sangue a palavra
O imóvel sendo tinta, som, desejo longínquo, fotografia calada
Passos congestionando o sonoro das ruas
O silêncio assumindo as ondas do rádio
Um cego ciclope guardando o absconso homem
Tapumes inanimados querendo sair à rua e gritar
Astear a bandeira real na cara da vida
Arrimar a arte fraturada e exposta
A memória na imagem, a palavra na voz, o grito na escuta.